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gilvan rodrigues &

maurício leonard

Caro Gilvan,

Meu nome é Maurício Leonard, sou professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFOP e também coordenador do Núcleo de Estudos de Agroecologia Inconfidentes, NEA INCONFIDENTES.

As comunidades assessoradas pelo NEA INCONFIDENTES localizam-se nos subdistritos denominados: Piedade de Santa Rita, Moreira e Bom Retiro, pertencentes ao distrito Santa Rita de Ouro Preto, território predominantemente rural ao sul do município de Ouro Preto. Essa região situa-se num ecótono, que incorpora parte de dois importantes biomas brasileiros, o Cerrado e a Mata atlântica. O principal motor econômico da região até a década de 90, baseava-se na produção de artesanato utilitário e decorativo, usando a esteatita (pedra sabão). Porém, devido aos recorrentes adoecimentos pulmonares decorrentes do manuseio da esteatita, a EMATER e UFOP atuaram na região estimulando a diversificação produtiva e econômica. Uma das atividades implantadas pela EMATER foi a produção de alimentos básicos que gerou excedentes posteriores, conduzidos aos mercados institucionais e à comercialização direta. Embora as atividades

agrícolas familiares tenham se ampliado com a implantação de agroindústrias, oferecendo alternativas à cadeia produtiva insalubre da esteatita, grande parte da região ainda está sob impacto da disputa de lavras agroextrativistas de minério de ferro, ouro, talco e monoculturas de eucalipto sistemas agroindustriais hegemônicos, que ao longo do tempo têm causado degradações ambientais, expulsões involuntárias e baixa remuneração da população. Diante desse contexto, o NEA INCONFIDENTES propõe ações contra hegemônicas, atuando principalmente na geração de emprego e renda, contribuindo com as instituições, gestores e sociedade civil para o desenvolvimento e adoção de práticas alternativas ao paradigma minerário e agroextrativista predatórios.

Atuamos em diversas frentes com os agricultores favorecendo principalmente a comercialização de seus produtos através de mercados institucionais e comercialização direta para a população de

Ouro Preto e Mariana. Vou enviar aqui alguns vídeos institucionais que apresentam esse panorama, para que iniciemos uma conversa. Seguem:

Em 2016, quando começamos:

Em 2018:

Como importante forma de agregamento cultural entre os agricultores familiares, desenvolvemos também o FESTIVAL DA TERRA, que é uma forma de celebrarmos nossas conquistas e organização política no território, usando como ferramenta a FESTA.

Segue também um vídeo que temos muito carinho ao compartilhar:

Também gostaria de compartilhar com vcs um vídeo de uma agricultora do subdistrito de Goiabeiras que fez uma poesia para as águas de sua comunidade.

Obrigado pela escuta, seguimos em nossas correspondências.

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Caro Maurício bom dia!

Quero iniciar pedindo desculpas pela demora, seu e-mail chegou na minha caixa de span e não me dei conta que era seu.

Muito bacana as ações de vcs ai na região, fiquei muito curioso e com vontades de conhecer o trabalho de vcs e tambem as comunidades envolvidas, me identifico muito com esse tipo de atividade. Para saber, vivi o início da minha juvemtude em um garimpo no município de Crixás - GO e sei bem cm são esses processos de adoecimentos dos trabalhadores.

Bom, sou Gilvan Rodrigues, militante do MST, assentado no projeto de assentamento Cunudos em Guapó - GO, região metropolitana de Goiânia.

Ingressei em 1997 em um acampamento de luta pela terra, chegando a conquista da terra em 2001.

O assentamento Canudos é um importante marco da luta pela terra em Goiás, tem esse nome devido a primeira ocupaçao ter ocorrido no marco de centenário da guerra de Canudos na Bahia, aqui foi uma luta travada em um latifúndio improdutivo tendo como proprietário um ex presidente da UDR - União Democrática Ruralista.

O assentamento conta com 329 famílias assentadas em areas de 17 hectares cada parcela, sendo que mais de 50% da área total da terra é tido como reservas, classificas em APPs, Reserva Legal e uma area de quatro mil hectares de RPPN.

A vida econômica da comunidade é bastante dinâmica, embora o carro chefe seja a pecuária leiteira boa parte das famílias se organizam em associações e cooperativas na perspectiva de participação das vendas

institucionais (PAA e PNAE).

Devido o histórico de lutas e também a propria localização do assentamento, constituimos boas relações de parcerias com instituições de ensino, o plano de assentamento foi feito em uma bela parceria entre a comunidade, o MST e a UFG, numa relação com professores da geográfica, agronômica e arquitetura.

Camarada, por ora fico por aqui mas seguimos em contato.

Grande abraço

Gilvan

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